domingo, 18 de outubro de 2015

Discordo Ponto Com: Déjà Vu

Discordo Ponto Com: Déjà Vu: Convivíamos com um contínuo mal estar que evoluía para intensa angústia, diuturnamente. Quando tudo parecia bem – por que nada estava, mera...

Déjà Vu

Convivíamos com um contínuo mal estar que evoluía para intensa angústia, diuturnamente. Quando tudo parecia bem – por que nada estava, meramente parecia estar – bastava uma pequena lembrança, um átimo de tempo e éramos soterrados naquele estado mental de indignação e revolta. Doloroso estado de revolta. Insuportável e inescapável indignação.
E vieram os mais brandos que os terríveis anos de chumbo: Araguaia caída, mas agora não era mais necessário esperar por sua capitulação. Wladimir Herzog, capaz de perturbar o sono do mais alienado direitista, era fato consumado. E uma mulher que chorava como dobravam os sinos era sonora e bela melodia e jamais ouviríamos a cantilena melancólica de Chico Buarque sem chorar.
Em segredo, outras tantas dores, mortes silenciosas, expectativa de milagres e esperança de liberdade. Meus anos de juventude foram assim.
E demorei para perceber, malgrado presidentes intragáveis, que vivíamos numa democracia. Meus filhos eram crianças, ficaram jovens, por fim adultos e mesmo com o atraso ordinário desse gigante que não desperta, havia a fé inabalável em dias melhores. Bem, que dias melhores se insinuaram em liberdade, com eleições regulares e decepções de praxe, era assim. Mas, à sombra da falta eficiência, da falta de agilidade, de retrocessos gerenciais que, contudo não destruíam de todo o sonho, ainda sobrevinha a ideia de que, calma estamos chegando.
Nunca mais a menosvalia dos desmandos, das falas hipócritas de generais alinhados aos seus próprios interesses; nunca mais a angústia dos olhares perplexos, na rua, na praça, na padaria, quando notícias falsas estalavam em nossos tímpanos sem que pudéssemos sequer contestar ou quando manchetes estampadas desafiavam nossos olhares desconfiados: chega, acabou! Agora teremos liberdade, democracia.
De repente, em meio ao caos, viramos fiscal do governo, esperança, saímos às ruas de cara pintadas, esperança, convivemos com 5000% de inflação, mas sobrevivia a esperança. Tantos dígitos, mãe? Sim! Zeros foram cortados apenas para que calculadoras de mão dessem conta das contas.  A residente e resistente esperança seguia alicerçada na confiança de nosso futuro sem a tutela do Estado opressor, tutor, censor e – por que não dizer? – criminoso.
Expressões como “farinha do mesmo saco”, “todos comem no mesmo cocho”, “político é tudo igual e nenhum presta”, na era da liberdade de imprensa recém-restaurada, foram até mesmo se espaçando. Houve um quê de República em nossa sociedade libertada, acrescida da derrota da inflação. Coroando o êxito no caminho da democracia, do liberalismo, o Brasil elege um ex-operário para Presidente. Convenhamos, guinado, um pouco, a uma, aparentemente, esquálida esquerda, mas fora esta que nos abastecera por anos, ainda que vagamente, da ideia de um país com bem estar social, que deveria ser erigido sobre nossos traumas e que nos envolvia na esperança acalentada, desde os anos de chumbo: após os acertos estruturais, enfim, buscar justiça social.
Hoje não é constrangedor confessar: jamais votei em Lula, mas preciso reconhecer: acreditei nele. Vou dar um salto, que afinal não há brasileiro que ignore o que, enfim, foi e está sendo o reinado petista: ampla escória, com seus vassalos acastelados e calados pelo famoso vil metal. Status estabelecidos,  feudo posto, sobrou para nós, chusma exausta, sermos os servos de imensa e inútil casta e entregarmos a ela 40% de nossa produção para que possa, agir com a extraordinária prodigalidade. O Estado ainda não mostrou ser assassino, mas é criminoso e voraz vampiro do sangue de uma nação. E nada de contrapartida. Menos ainda justiça social. Somente a cotidiana recepção dos mais escabrosos, escandalosos, sujos e espúrios escândalos que parecem não ter fim, nos expondo a nova ditadura:  A ditadura do conchavo.

O Estado brasileiro mostra que sobrevivemos acéfalos, que não há um só membro imprescindível neste detestável e incompetente partido, não há um só membro confiável neste farfalhar de discursos falsos, lidos com eloquência ensaiada e vazia. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

INTOLERANTES, AGORA SOMOS TODOS INTOLERANTES


Que me espanta, espanta, saber que ainda existem brasileiros defendendo Lula, Dilma, seus governos e seus aliados. Mas, mais ainda me espanta são  teses  estapafúrdias, às vezes ingênuas, tolas ou, pior, muitas vergonhosamente desonestas,  que lançam em defesa do que ai está posto e que afronta 90% dos brasileiros, sendo boazinha.
A mais surrada é a de Golpe. Mas esta, já era, nem é preciso mais desmontar, a tese apodreceu a fatos abertos. E só pra resumir: a legitimidade de um cargo eletivo não está apenas na sua eleição, pelo voto, mas no exercício do mandato. Pelo mesmo mecanismo que lhe confere o cargo, o diploma, é também possível cassa-lo: a lei, a Constituição. Portanto, não há golpe em curso.
Outra bobagem flagrante é que estão nas ruas a direita reacionária que quer a volta dos militares, ou a chamada elite branca com suas panelas gourmets (nem sei o que isso significa), nas varandas dos Jardins. Nem 0,5%  dos brasileiros dos grandes centros querem militares de volta. Essa inexpressiva parcela da população agora está levando seu recado para o mundo! Artificialidade e boçalidade dão por encerrada esta tese tosca.
E por ai vai, já que nenhuma prospera. O que ninguém observou claramente, é que quem vai às ruas é a classe média, a abominável classe média de Marilena Chauí (ela deve ter arrependimento mortal de sua fala, que enterrou sua fama de intelectual), quiçá boa parte da IMENSA classe média de Dilma (aquela que ganha de 700 a 1200 por mês).
Mas eu estou perplexa mesmo com a última tese, já presente na fala de alguns ministros. Eles não saem de uma entrevistinha qualquer sem lança-la: a tese da INTOLERÂNCIA. Lá vem o termo com jeitão de politicamente correto, com seus arautos posando, por cima, de democráticos, como se o termo fosse um valor em si. Pra variar um engano, outro.
Para começar TOLERAR  é um termo inequívoco e significa ter paciência, suportar com indulgência. Tolerar também carrega o significado de admitir, dar tácito consentimento.
Ora, como podemos suportar com indulgência? Ou ainda, dar tácito consentimento a tudo que assistimos, perplexos, todos os dias desde o MENSALÃO, há dez anos? Só há uma forma de dizer não a isso tudo. Indo às ruas. Nós, brasileiros não somos por essência, mas ESTAMOS INTOLERANTES, sim e desculpem a liberdade sintática. Mas, de fato, ESTAMOS INTOLERANTES.
Intolerantes com a corrupção claramente posta, mas que  não atinge seus mandatários;
Intolerantes com a crise econômica avassaladora  que é resultado exclusivo de uma política econômica irresponsável, equivocada e, ademais, recheada de mentiras;
Intolerantes com a quebra da PETROBRÁS e sua total desvalorização por ter sido simplesmente assaltada por uma quadrilha;
Intolerantes em ter clareza que esta quadrilha não é formada apenas por mega empresários, altos funcionários da estatal e políticos de segundo escalão e até mesmo do chamado baixo clero;
Intolerantes com o uso da máquina  pública para a perpetuação no poder com flagrantes efeitos nos resultados dos pleitos;
Intolerantes com os serviços de Saúde caóticos, hospitais sem leitos ou médicos desmentindo a publicidade escandalosa;
Intolerantes com  Programas de Saúde como o Mais Médicos que ainda expõe, ademais sua ineficiência,  a face criminosa de um Regime que fornece ao profissional (aqui o médico), apenas 20% do valor pago por seus serviços;
Intolerantes, de como  uma escandalosa contratação de Médicos permanece sem que nenhuma Instituição (como  Ministério Público ou a Ordem dos Advogados do Brasil) enfrente e desmantele;
Intolerantes com a Pátria Educadora que se firma na estrada a publicidade para enganar o povo e perpetuar a ignorância;
Intolerantes com o uso do dinheiro dos pagadores de impostos e que carrega a absurda proporção de 75% dos recursos sendo usados na MANUTENÇÃO DO ESTADO e Previdência Social e o restante para TODO o resto.
Intolerantes, aliás, com o tamanho do Estado que transformou o brasileiro em SERVO dos Senhores dos Castelos do Planalto Central, na reprodução perversa do sistema econômico medieval;
Intolerantes com a carga tributária que ainda pretende ser maior;
Intolerantes com o governo perdulário que torra o dinheiro dos pagadores de impostos na mais escandalosa e flagrante apropriação indébita.

Eis senhores Ministros, nossa intolerância, acrescentando aqui uma visceral intolerância ao PIXULECO.

domingo, 3 de maio de 2015

Ainda há o que dizer sobre o confronto do Paraná

Uma jornalista – segundo li da Globo – escreveu um texto dito ponderado sobre o tema. Não consegui achar seu nome que esqueci, no dia seguinte que li seu texto, que ficou ali, implorando umas respostas. Terei de cita-la fora do contexto e sem citar seu nome. Mas não serei deselegante, podem acreditar. Desculpem minha falha... Se podem desculpar o JN, por que não eu que terei poucos leitores?
Antes, pulemos a conversa sobre aqueles que pensam que, quem se colocou contra os blacks e os mascarados são os que  ENDOSSAM a violência policial, estão CONTRA os professores ou, não podia faltar esta, são tucanos defendendo o governador do estado do Paraná. Nada disso. A violência foi deplorável. Houve excessos, feridos, sangues. E eu não precisaria dizer que sou contra a violência.
E vamos ao que interessa: é preciso observar que este movimento não é exatamente o primor de respeito à lei e aos princípios democráticos – que possibilitam, inclusive, que se possa fazer a greve, manifestar-se. E menos ainda que estivessem presentes “alguns infiltrados”, “alguns provocadores”, como escreveu a jornalista – cujo nome não me recordo, repito - em seu introito.
Mentira: estava coalhado de provocadores, aliás, vamos deixar claro também que não eram meros provocadores, menos ainda “infiltrados”. Nenhum desses termos reflete a realidade, são eufemismos para aqueles que ali estavam – muitos deles mascarados – previamente admitidos para o confronto. E este, de fato, é um dos pontos cruciais desse debate que não cessa: Não é aceitável que um movimento DE PROFESSORES permita em suas fileiras mascarados, provocadores trazendo estilingues, pedras e paus. Era necessária a clara premissa que todo o processo seria pacífico. Qual é o propósito de ir a uma manifestação com paus e pedras nos bolsos? Dialogar? Além disso, havia barracas fabricando coquetéis molotov, ali, na hora, e entregues como se fosse pão quente. 
Admitir a fabriqueta comandada por pessoas que incitavam a outras a pegarem os recém-fabricados coquetéis molotov para atirar contra a polícia é atitude de professor? Se isso não é um confronto, é o quê? Um convite ao diálogo?
Vão dizer: ah, mas isso só seria usado caso a Polícia os confrontasse. Coquetéis Molotov preventivos? Falácia facilmente determinada, afinal, a polícia estava ali exatamente por reconhecer o risco eminente do confronto. Confronto violento, assinado pelos coquetéis molotov, faça-me o favor! Deveriam, isso sim exibir suas canetas, quem sabe bandeiras verdes, amarelas, brancas. Falta o que aos professores? Inteligência? Argumentos? Criatividade?
À jornalista que pondera de modo mais moderado que o usual sobre todos os episódios, gostaria de expor mais algumas considerações.
A primeira, sobre o fato da Assembleia – sem acento – ter sido fechada: Sim, diz em seu texto, esta é a casa do povo e não o castelo das autoridades. O estilo neste caso não serve ao real. A Assembleia foi fechada preventivamente, vetada sim, a entrada dos professores, por ordem da mesma justiça que determinou a ilegalidade da greve.
E por quê? Para quem não sabe por que em fevereiro este mesmo grupo e este mesmo sindicato invadiram e depredaram a Assembleia, ameaçaram parlamentares e, agravante, o Sindicato (APP) já expressava a pretensão de um novo cerco e nova invasão. E quem é que não viu os diversos vídeos mostrando “professores” tentando quebrar as grades da Assembleia? Para quem não viu segue ao final do texto, os links de alguns vídeos bem eloquentes em relação ao comportamento dos grevistas.
Mais fatos, para entendermos o que houve:
Sucessivas negociações acerca das alterações no Sistema de Previdência do Estado foram feitas sem alcançar os resultados esperados pelo sindicato que representa os professores. E entramos no primeiro túnel: este Sindicato é um braço do PT, ligado à CUT – nem precisamos combinar que fica fácil concluir que o componente político da greve está claramente posto. Não há causa trabalhista para a greve (os salários do Paraná estão entre os mais altos do país), nem qualquer outra razão - a questão das aposentadorias, resume-se ao maior impasse de todo sistema previdenciário: ou se faz uma reforma ou todo o sistema vai quebrar. Em 15 anos estará sem recursos para pagar apenas os beneficiários dos próximos 5 anos, que dirá de todos. Aliás: a Cut e o PT deviam fazer igual reclamação em relação ao prejuízo causado por má gestão aos fundos de pensão dos Correios que estão, inclusive desejosos de transferir para TODO nós, pagadores de impostos, a conta.
Mas não pretendo discutir as medidas, as mudanças, deixemos este embate para os políticos e economistas. Mas, é bom lembrar que elegemos os políticos com a prerrogativa de agir em nosso nome, também nesses casos e numa democracia devemos apenas e tão somente nos submeter a tais decisões, a menos que firam a lei.
Mas, sem acordo entre governo e sindicato, foi convocada novamente a greve. E esta foi declarada ilegal pela justiça – é, numa democracia a justiça tem este poder. A lei de Greve foi votada também por nossos representantes, no entanto os professores e seu Sindicato ignoraram a decretação da ilegalidade da greve.
E isso é aceitável? Então é assim? A justiça julga ilegal uma greve e sou impedido de fazer greve? Bem, devo advertir a quem ignora o fato que sim, a justiça pode julgar ilegal uma greve e ela não poderá continuar e, em se continuando, pagará o Sindicato, multa estabelecida na mesma sentença.
E o que temos, afinal? Um grupo que descumpre uma decisão da justiça, prejudicando inclusive crianças e jovens, já que a greve pune exatamente estes, num país onde a educação está à beira do colapso. E pode? E quando forem os médicos? Pode também? E se forem os metroviários? Pode? Se forem lixeiros? Pode? É preciso ser ingênuo para defender essa possibilidade. E já estamos falando aqui de transgressão.
Bem, e quanto aos cães? Há muita indignação e posições contrárias ao uso de cães pela polícia. Eu indago: E pode a polícia soltar os cachorros sobre pacíficos grevistas?
É, não pode. Menos ainda defenderei aqui o policial que falhou em segurar devidamente o BitBul que atacou o cinegrafista. Mas, quem viu o vídeo viu também que não foi deliberado, e sim um acidente. A jornalista afirmou que os policiais soltaram os pitbulls sobre as pessoas. Não vi isso em nenhum vídeo e evidentemente este seria um excesso a ser punido com rigor. Mas os cães, que se sabe, são usados para que as pessoas não se aproximem dos policiais e não para ataca-las.
Mas dai a afirmar que um policial com pitbul não pode estar bem intencionado configura inferência ou mera digressão. Nada a dizer.
Também é preciso reiterar que a Polícia tem como função precípua a manutenção da ordem e detém também, pela lei, o monopólio do uso da força.
Virou reacionária, Roxana, defendendo a polícia agressiva, violenta, corrupta? Claro que não. Mas defendo sim, suas funções precípuas. E sou tão reacionária quanto Voltaire: “Para que um governo não tenha o direito de punir erros dos homens é necessário que esses erros não sejam crimes. Os erros somente são crimes quando perturbam a sociedade. Eles perturbam a sociedade desde que inspirem fanatismos: é preciso, portanto, que os homens comecem por deixar de ser fanáticos a fim de merecer a tolerância.” (Tratado sobre a Tolerância). Li hoje, por coincidência. Capítulo XVIII pg 96, edição de Bolso L&PM.
Perturbação da ordem é a mínima pretensão de um movimento que leva pessoas com paus e pedras – não podem levar armas de fogo que ai é cana certa – e estabelece uma fabriqueta de coquetel molotov no local. A menos que assassinemos a lógica, não podemos chamar esse movimento de pacífico.
Reacionária, positivista, ideóloga do progresso, etc, até de nazista já me chamaram. Mas são as leviandades oriundas da falta de argumento.
A paz pública é bem de todos e para mantê-la a mesma sentença determinou que a força policial se posicionasse em torno da Assembleia, com seus cães, com seus frascos de pimenta e suas bombas de “efeito moral” (SIC) – detesto este outro eufemismo. E polícia é posta nas ruas para dialogar? Não. A etapa do diálogo estava superada. Houve diálogo, mas não houve resultado. Quem são os culpados pela ausência de consenso? Francamente? Não sei. Posso intuir, mas não sei.
Mas a força policial foi desproporcional, Roxana, você não viu? Bem, não sei dizer qual a proporção de forças seja adequada a um grupo que porta pequenas bombas caseiras.
Afirma ainda a jornalista que não se atacam manifestantes, ainda por cima professores, com a ferocidade usada pela polícia do Paraná. Observemos uma frase que expressa uma verdade e que precisa ser lida também em sua sublinha: “ainda mais professores”. Por que faço este destaque? Por que professores, presumivelmente, são pacíficos. Não saem quebrando e invadindo prédios, não saem com paus e pedras em seus bolsos, menos ainda jogando coquetéis molotov por ai. Mas, claro está e a polícia já sabia que não eram professores, mas sim um grupo disposto a quebrar, jogar pedras, confrontar. Confrontar a polícia em qualquer lugar do mundo dá exatamente o que se deu. A Polícia vai agir para eliminar o problema, cumprindo ordens.
Gosto disso? Não gosto, mas não gosto mesmo. Mas são fatos que jamais devem ser ignorados, menos ainda por professores, conhecedores desses fenômenos. E acho que devem ser investigados e punidos toodos os excessos praticados pelos dois lados do confronto.
E em mim ecoa certo horror admitir que sim, havia professores e sim, estavam dispostos ao confronto. (Michaelis sig – confrontar – vtd – pôr-se defronte reciprocamente).
Faltou ainda discutir uma tese inefável, na acepção não relacionada ao divino do termo. Diz a jornalista que os professores e seus sindicatos andam em má companhia (SIC) por que há décadas a profissão vem sendo sistematicamente sucateada no Brasil – e diz mais: se fosse professora também sairia quebrando tudo por ai. Não duvido, há muita gente que reconhece legitimidade nesses atos.
Mas, por partes. Em primeiro lugar há um erro antológico nesta afirmativa: professores ganham mal desde os mais remotos tempos. Na Grécia Antiga sequer recebiam por seu trabalho, por seus ensinamentos, considerado – e quantas vezes já ouvimos isso? – um sacerdócio. No Brasil restou o ranço dos tempos de Colônia, da sociedade agrária com a educação considerada desnecessária para quem ia apenas plantar e colher, explorar minerais, etc. A educação era praticamente um ornamento. Como essas fórmulas se reproduzem ou pior, mantem-se no viés dos planos, dos processos, chegamos ao século XXI com os professores, particularmente aqueles que escolhem o ensino público para lecionar, com sua carreira reduzida a péssimas condições e salários bem abaixo do esperado. E naturalmente saber isso não representa aceitar tal modelo. E é necessário realmente haver contínua mobilização da classe para melhorias e deixo pra lá este discurso que não ultrapassa o óbvio, do posto, do sabido.
No entanto, o que mais chama minha atenção na questão do professor, especialmente nesse confronto de Curitiba, que, ninguém parece compreender, é esta categoria, que representa conhecimento, que deve representar a vanguarda dos processos e das ações transformadoras, que está intimamente ligada à ética e licitude de suas ações submeter-se a tutela de um sindicato que impõe força, premissas falsas, motivações politicas em suas manifestações, denegrindo-as, desqualificando-as. Os gregos conheciam a natureza das coisas e afirmavam algo que o prof. Clóvis de Barros resume em divertidas falas: a borboleta borboleteia, o vento venteia, o ar areia. E eu sou obrigada a pronunciar uma novidade: a polícia policeia. Professores, devolvam aos seus movimentos clareza, mãos limpas, braços abertos e não haverá polícia, não haverá cães, não haverá spray de pimenta, não haverá coquetéis molotov, paus, pedras, estilingues. Apenas o apoio de seus pares – que anda baixo – e poderiam angariar mais, talvez até dos estudantes e seus pais. Ou, legado deste movimento será, no mínimo, a controvérsia. Perderam os professores, a unânime aprovação de seus atos e na sequência, o vigor de seus discursos.




terça-feira, 10 de março de 2015

Discordo Ponto Com: A classe média... ora uma abominação cognitiva, or...

Discordo Ponto Com: A classe média... ora uma abominação cognitiva, or...: Diante da perplexidade geral que tem aturdido, recentemente, os próprios petistas, deixando-os ainda mais incompreensíveis, prosperam, e ag...

A classe média... ora uma abominação cognitiva, ora mais exigente

Diante da perplexidade geral que tem aturdido, recentemente, os próprios petistas, deixando-os ainda mais incompreensíveis, prosperam, e agora serei bem educada, teses marotas. Uma delas vem sendo semeada pelo próprio PT e seus interlocutores: a de que o povo, alçado à classe média, estaria mais exigente.
Na tentativa de explanar, explicar ou aprofundar esta premissa surge rapidamente o logro: significaria que o governo brasileiro SEMPRE FOI ASSIM, enxovalhado de desmando, corrupção, ineficiência, incompetência administrativa, tentativas sistemáticas de golpes à liberdade de imprensa, e o povo  era somente... Menos exigente? Bingo! 
Esta é a tese obscena que pipoca em pequenas crônicas, falas de um e de lá, enviesada naqueles famosos drops que a imprensa lança com o propósito de informar. Mas agora, francamente, alçou o território sóbrio do Supremo e, portanto, gradua-se em gravidade. 
Pode não ser intencional, mas o governo foi socorrido pela revista Época ao entrevistar o Ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso (Época 23 fev 2015). E este, para explicar a crise que abarca, sem reserva, 3 eixos fundamentais em um país, econômico, político e social, apregoa que o brasileiro está “descontente” por que se tornou mais exigente.  Esta resposta me remete às declarações dos presidentes da Ditadura Militar que afirmavam, em meio às passeatas, convulsão social, sequestro de embaixadores e o pau comendo nos porões do Estado, que vivíamos uma vibrante democracia com economia em expansão. Foi o tal “milagre brasileiro”, composto por seus artificies com retórica irretocável.
E ai estão as aspas, da fala do Ministro: “O Brasil está vivendo uma crise de amadurecimento. Decorre de uma cidadania que se tornou mais consciente, mais exigente e, de certa forma, mais participativa. E isso é bom. O problema é que as Instituições e os serviços públicos ainda não conseguiram se ajustar adequadamente a essas novas demandas.
Ai ai ai, ai.  A frase é escandalosamente eufemística e eu não desejo faltar com o respeito ao Ministro, mas devo acrescentar que "crise de amadurecimento" pertence ao um tipo de exagero retórico cujo paradoxismo ao contrário da intenção, o desmancha. E, ainda desprezando a consideração de que seria necessário mero ajuste dos serviços públicos às NOVAS demandas do povo, considero escandaloso insinuar que esta patifaria reinante em 12 anos do PT no governo Federal (o mensalão foi denunciado há 10 anos, ou seja, logo no início do governo Lula) sempre existiu, apenas o povo não via, era “menos exigente" com a conduta de seus governantes. Além da piada de péssimo gosto, um autêntico golpe no nexo, na análise dos fatos. Baixo.
Assim, pensemos pela mente petista tão bem representada na tese do Ministro, além dos escândalos, da corrupção desenfreada, o brasileiro ainda deve acatar a pecha de que sempre foi um grande bocó de argola e só agora que emergiu para a classe média com a mesma renda – 400 a 1200/mês – esteja atenta para seus direitos de espernear.

Eu não sei do que reclamam o PT e o petismo em relação à mídia golpista, incluindo na revolta, a comando, naturalmente, a complacente Rede Globo. Não devem se ressentir com este gigantesco conglomerado da comunicação, pois ele é, isso sim, um dos últimos, mas ainda forte, aliado do proselitismo político praticado nas frestas, nas entrelinhas de enunciados desenvolvidos e publicados por uma teia de jornalistas contentes.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Oscar vai para Birdman e eu? Discordo completamente!

Fui entusiasmada assisti-lo. As críticas foram tão generosas, até dos supostamente severos críticos que raramente dão... cinco estrelas (REVISTA VEJA, POR EX) que, mesmo não sendo seduzida pelo tema, perdoem a repetição, fui entusiasmada.
Também fiquei impressionadíssima com os planos sequência longos e suas intenções, a precisão sonora, closes deliberadamente exagerados e o que de mais restou ao filme para ser elogidiadíssimo quanto às suas opções estéticas. Interpretações bacaninhas, como sempre no cinema norte americano mais caprichado e descolado, e, pronto acabou. Nada mais me encantou. O suportável ficou por conta das mencionadas qualidades que, afinal, permearam todo o filme. De resto achei uma chatice inigualável, só comparável a alguns Glauber Rocha e este, sem o rigor estético do mexicano Alejandro Gonzalez Inarritu. Aliás, a favor do filme, a direção. De tudo que ali reinava a direção se sobrepôs, e como num milagre, transformou roteiro manjadíssimo e texto chato,  num filme tido como culto e aclamado.
A história chega ao sentimentalismo das novelas brasileiras, adereçada, como numa escola de samba, por exageradas e inverossímeis crises existenciais dos personagens. Algumas liberalidades morais tentam nos surpreender, mas francamente, no Brasil do funk alcançam, quando muito,  a esfera moral de 1920. Todas as raras piadinhas para sorrir com o canto dos lábios naufragaram. Os diálogos fracos foram pontuando os minutos sem um mísero destaque - e salvos pelos belos planos sequência. Eu me senti como se tivessem penetrado naquele teatro e fosse obrigada a ficar ali, entre malas sem alças, sem direito a intervenção! Os conflitos risíveis - incerta jornalista, crítica de arte de certo jornal, então afirma, sem qualquer pretexto que vai destruir a peça. Se não é necessária razão para um conflito que depois se mostrou essencial, surge então outro recurso de novelão: mero gancho.
Pretensioso ao ponto de enganar os olhos, ouvidos e entendimentos mais sofisticados, inclusive dos críticos que não cansam de elogia-lo, trata-se apenas de uma esquecível chatice. Incautos ainda o assistirão, mas sobre teatro, melhor o teatro.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Aumento dos impostos está bombando!

Bom dia amigos

O Brasil está esfacelado, derrubado, desmoralizado. Segue omisso em questões relevantes e se ergue, arrogante e fleumático, sobre temas menores.
Estado perdulário desde os primeiros dias de Lula - mesmo com Pallocci tentando manter o tripé da gestão sugerido por Fernando Henrique no dia da posse de Lula. Mas sabíamos que se tratava de um governo populista e estes, trazem nas vísceras, o desperdício e gastos de fachada. Exemplo é a publicidade: acho uma desfaçatez que gastem nosso dinheiro para dizer o que querem que a gente acredite que fazem com nosso dinheiro. Publicidade daquelas de filmes de centenas de milhares de dólares, gruas, diretores de fotografia, uma legião de redatores, assistentes, agências de publicidade ficando cada vez mais milionárias com o esbanjamento do dinheiro público.

O Brasil hoje nos envergonha e em cada notícia, um engodo, uma trapaça, corrupção no Palácio do Governo, para perplexidade dos mais crédulos. E esfacelado: nada funciona de fato no país: estradas - nem a operação tapa buracos do primeiro governo Lula foi cumprida. Continuamos com estradas péssimas, gargalos para escoamento de produção e geração de riqueza. Há algumas prometidas ferrovias. Numa delas, inaugurada por Lula, não foi colocado UM ÚNICO TRILHO! Mas eu tenho fé que a dinheirama desta obra saiu dos cofres públicos e percorreu algum caminho obscuro. Nossa educação decai ano a ano estrangulando nosso futuro, nossa saúde é um mero cadáver insepulto e há para qualquer lado que olhemos, a marca da corrupção, esta sim, sempre prosperando, inaugurando uma escala... digamos assim industrial.

Tudo seguia bem, na era Lula. Como se ele fosse o responsável pelo crescimento da China, da Europa. Subiu a maré, Brasil, uma nau desgovernada mas ainda inteira, subiu junto. Seu comandante, no entanto acreditava que ele é que fazia a maré subir. E navegou, naqueles mares de bonança da economia. Logo boa parte da boa vontade daqueles que eram contra, mas vamos ver o que vai ser, foi derretendo. O homem era MESMO uma fraude! Sua gestão era meramente... discurso! E que discurso: quando falava de improviso dizia espessas bobagens, quando falava com nexo, lia discursos de seus doutrinados redatores.

Veio o mensalão. O comandante deveria ter sido o primeiro convocado e esclarecer que conversa era aquela do Ministro Chefe da Casa Civil envolvido em roubalheira escandalosamente elevada, nunca antes na história destepaiz. Mas, pobre operário, justo gora que galgou o mais alto posto da nação, vai ser alvejado por uma mídia mentirosa, por uma elite que não aceita operário no poder, odeia os pobres, odeia a classe média (oopps, essa quem odeia é o Partido dos Trabalhadores). Fizeram o quê? Blindaram o Lula que conseguiu vencer novamente a eleição. Num país sério, Lula teria virado fumaça e não sido reeleito. É por isso inclusive que ele se acha... salvador da Pátria. Um Deus. Decerto quer estar ao lado de Getúlio Vargas na galeria das mentiras brasileiras.

Sabemos que um presidente governa para seu sucessor. A herança maldita de Fernando Henrique foi o lastro de Lula. Mas ele deixou para Dilma um país menor, curvado por bandidos revertidos em heróis, presos com seus braços levantados, punhos fechados. Até hoje, francamente, sinto vergonha alheia (é o que dizem, né?), quando vejo que a imprensa publicou essas fotos sem repúdio.

E nunca antes na história destepaiz (de novo) se combateu tanto a corrupção. A grotesca inversão dos fatos com o propósito de repetir, à exaustão, mentiras com o propósito descabido, paradigma vencido de que se transformariam em... verdades, transformou brasileiros em heróis da resistência: resistência às mentiras, resistência ao engodo, resistência a insensata falta de vergonha na cara.
A mentira então não se transformou em verdade, mas numa farsa indestrutível que perdura, renova-se, numa esquizofrênica capacidade de ainda gerar mentes crédulas ou apropriar-se dos estômagos vazios de uma pobreza que não se esgota. O Partido dos Trabalhadores, há 12 anos no poder, orgulha-se de criar uma classe média que ganha, em média, de 400 a 1200.

O Brasil está esfacelado. E reelege de modo ainda mais grotesco, o seu algoz. Digo grotesco, pois a mentira e o jogo baixo reinaram absolutos. O Brasil está de joelhos,

E o novo Ministro da Fazenda, com fama de gestor rigoroso, austero, já está acomodadíssimo em seu papel de déspota: vai aumentar impostos. Vamos, então, dar ao governo perdulário ainda mais recursos para tapar buracos que ele gerou exatamente por exercer este... perdularismo. Então devemos compreender que propagada eficiência e capacidade de gestão do eminente ministro é a velha fórmula de cortar benefícios e aumentar impostos? O ano passado eu li, com atraso considerável, Desobediência Civil do norte americano Henry David Thoreau, e não vejo outra saída: um ato de resistência legítima do cidadão, parece ser nossa única saída.