terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Oscar vai para Birdman e eu? Discordo completamente!

Fui entusiasmada assisti-lo. As críticas foram tão generosas, até dos supostamente severos críticos que raramente dão... cinco estrelas (REVISTA VEJA, POR EX) que, mesmo não sendo seduzida pelo tema, perdoem a repetição, fui entusiasmada.
Também fiquei impressionadíssima com os planos sequência longos e suas intenções, a precisão sonora, closes deliberadamente exagerados e o que de mais restou ao filme para ser elogidiadíssimo quanto às suas opções estéticas. Interpretações bacaninhas, como sempre no cinema norte americano mais caprichado e descolado, e, pronto acabou. Nada mais me encantou. O suportável ficou por conta das mencionadas qualidades que, afinal, permearam todo o filme. De resto achei uma chatice inigualável, só comparável a alguns Glauber Rocha e este, sem o rigor estético do mexicano Alejandro Gonzalez Inarritu. Aliás, a favor do filme, a direção. De tudo que ali reinava a direção se sobrepôs, e como num milagre, transformou roteiro manjadíssimo e texto chato,  num filme tido como culto e aclamado.
A história chega ao sentimentalismo das novelas brasileiras, adereçada, como numa escola de samba, por exageradas e inverossímeis crises existenciais dos personagens. Algumas liberalidades morais tentam nos surpreender, mas francamente, no Brasil do funk alcançam, quando muito,  a esfera moral de 1920. Todas as raras piadinhas para sorrir com o canto dos lábios naufragaram. Os diálogos fracos foram pontuando os minutos sem um mísero destaque - e salvos pelos belos planos sequência. Eu me senti como se tivessem penetrado naquele teatro e fosse obrigada a ficar ali, entre malas sem alças, sem direito a intervenção! Os conflitos risíveis - incerta jornalista, crítica de arte de certo jornal, então afirma, sem qualquer pretexto que vai destruir a peça. Se não é necessária razão para um conflito que depois se mostrou essencial, surge então outro recurso de novelão: mero gancho.
Pretensioso ao ponto de enganar os olhos, ouvidos e entendimentos mais sofisticados, inclusive dos críticos que não cansam de elogia-lo, trata-se apenas de uma esquecível chatice. Incautos ainda o assistirão, mas sobre teatro, melhor o teatro.

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