Diante da
perplexidade geral que tem aturdido, recentemente, os próprios petistas,
deixando-os ainda mais incompreensíveis, prosperam, e agora serei bem educada, teses marotas. Uma delas vem sendo semeada pelo próprio PT e seus interlocutores: a de que o povo,
alçado à classe média, estaria mais exigente.
Na tentativa
de explanar, explicar ou aprofundar esta premissa surge rapidamente o logro:
significaria que o governo brasileiro SEMPRE FOI ASSIM, enxovalhado de desmando, corrupção,
ineficiência, incompetência administrativa, tentativas sistemáticas de golpes à
liberdade de imprensa, e o povo era somente... Menos exigente? Bingo!
Esta é a tese obscena que pipoca em pequenas crônicas, falas de um e de lá, enviesada naqueles famosos drops que a imprensa lança com o propósito de informar. Mas agora, francamente, alçou o território sóbrio do Supremo e, portanto, gradua-se em gravidade.
Esta é a tese obscena que pipoca em pequenas crônicas, falas de um e de lá, enviesada naqueles famosos drops que a imprensa lança com o propósito de informar. Mas agora, francamente, alçou o território sóbrio do Supremo e, portanto, gradua-se em gravidade.
Pode
não ser intencional, mas o governo foi socorrido pela revista Época ao entrevistar o Ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso (Época 23 fev 2015). E este, para explicar a crise
que abarca, sem reserva, 3 eixos fundamentais em um país, econômico, político e
social, apregoa que o brasileiro está “descontente” por que se tornou mais exigente. Esta resposta me remete às declarações dos
presidentes da Ditadura Militar que afirmavam, em meio às passeatas, convulsão
social, sequestro de embaixadores e o pau comendo nos porões do Estado, que
vivíamos uma vibrante democracia com economia em expansão. Foi o tal “milagre
brasileiro”, composto por seus artificies com retórica irretocável.
E ai estão
as aspas, da fala do Ministro: “O Brasil está vivendo uma crise de
amadurecimento. Decorre de uma cidadania que se tornou mais consciente, mais
exigente e, de certa forma, mais participativa. E isso é bom. O problema é que
as Instituições e os serviços públicos ainda não conseguiram se ajustar
adequadamente a essas novas demandas.”
Ai ai ai,
ai. A frase é escandalosamente
eufemística e eu não desejo faltar com o respeito ao Ministro, mas devo acrescentar que "crise de amadurecimento" pertence ao um tipo de exagero retórico cujo paradoxismo ao contrário da intenção, o desmancha. E, ainda desprezando a consideração de que seria necessário mero ajuste dos
serviços públicos às NOVAS demandas do povo, considero escandaloso insinuar que
esta patifaria reinante em 12 anos do PT no governo Federal (o mensalão foi
denunciado há 10 anos, ou seja, logo no início do governo Lula) sempre existiu,
apenas o povo não via, era “menos exigente" com a conduta de seus governantes. Além
da piada de péssimo gosto, um autêntico golpe no nexo, na análise
dos fatos. Baixo.
Assim,
pensemos pela mente petista tão bem representada na tese do Ministro, além dos
escândalos, da corrupção desenfreada, o brasileiro ainda deve acatar a pecha de que sempre foi um grande bocó de argola e só agora que emergiu para a classe média
com a mesma renda – 400 a 1200/mês – esteja atenta para seus direitos de
espernear.
Eu não sei
do que reclamam o PT e o petismo em relação à mídia golpista, incluindo na
revolta, a comando, naturalmente, a complacente Rede Globo. Não devem se
ressentir com este gigantesco conglomerado da comunicação, pois ele é, isso
sim, um dos últimos, mas ainda forte, aliado do proselitismo político praticado
nas frestas, nas entrelinhas de enunciados desenvolvidos e publicados por uma
teia de jornalistas contentes.
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