sábado, 19 de novembro de 2011

Discordo com veemência da exploração marketiana de Lula e sua doença

Em primeiro lugar mau gosto. Lula deve se reportar a imprensa, relatar seu drama, informar sua legião de seguidores - é o único presidente que obteve tal proeza, ainda que discutível - sobre sua doença. Mas, explora-la politicamente é deplorável. Armar uma foto com a esposa lhe fazendo a barba, detonar sua máquina de propaganda para torna-la a imagem do momento, é desrespeitar, principalmente, o cidadão brasileiro que está na fila dos hospitais esperando por tratamento de diversas doenças, inclusive as iguais, idênticas a dele. Isso sem ponderar sobre o indisfarçável mau estar que acarreta o uso hipócrita de uma camiseta da campanha de prevenção ao câncer de mama, que dona Marisa optou por usar nos lugares de seus vestidos de grife. É do mesmo modo ultrajante este engajamento superficial e oportunista quando sabemos que em seu tempo de primeira dama, com poderes inimagináveis de formação de opinião, abdicou de usar sua força para qualquer fim fora da esfera política eleitoreira.
Já assisti, na minha idade, as mais diversas manifestações do marketing político e presenciei todas as formas de manipulação da opinião pública pela imprensa, por órgãos da imprensa oficial e pelo estado, mas esta prática precisa terminar. Não espero isso nem do PT, tampouco do Lula. Mas espero que o cidadão mantenha sua capacidade de indignar-se diante desta postura, criticar, envolver-se.
Quando Lula divulgou que estava com câncer, iniciou-se uma campanha de péssimo gosto para que o ex presidente se tratasse pelo SUS. Jamais me engajaria numa campanha tão desastrosa, rançosa, sem a necessária gravidade e decoro que requer o tema. Mas também não esperava que o próprio Lula fosse explorar de forma tão deplorável e condenável seu drama. E o êxito é inquestionável. Todos comentam (eu inclusa) transformando sempre e tanto e tudo, em notícia.

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